Diminuição do Excesso de Peso Infantil em Portugal

Segundo os últimos dados COSI Portugal1, entre 2008 e 2019, a prevalência de excesso de peso infantil baixou de 37,9% para 29,7% e a de obesidade infantil de 15,3% para 11,9%, permitindo a Portugal passar do 2º país europeu com maior prevalência de excesso de peso infantil para o 14º lugar. Estes dados parecem ser muito animadores, mas não sabemos ainda o que aconteceu durante a pandemia COVID 19.

Por isso, o que mais importa é continuar a trabalhar no sentido da prevenção para que os futuros adultos tenham mais saúde, mais anos de vida, com maior qualidade e com menor prevalência de doença.

E o futuro começa aqui e agora no momento da conceção. Desde muito cedo compete aos futuros pais repensar os seus hábitos alimentares e procurar assumir um estilo de vida mais saudável baseado em escolhas alimentares variadas e equilibradas com promoção da atividade física para toda a família. Quando o bebé nasce o leite materno como primeiro alimento será a melhor forma de programar a saúde futura daquele novo ser.

Qual é a nossa responsabilidade enquanto profissional de saúde? Enquanto pais e cuidadores?

Caso não seja possível a amamentação exclusiva os profissionais de saúde devem recomendar leites infantis de teor proteico mais semelhante ao do leite materno ao longo do primeiro ano. De facto, estudos científicos robustos apontam no sentido de que uma oferta de quantidade de proteína excessiva durante este primeiro ano pode ser prejudicial originando sobrepeso e obesidade mais tarde na vida. Por isso escolher um leite nutricionalmente adequado e o mais semelhante ao leite materno será a melhor escolha.

Mas, naturalmente que há muitos outros fatores que contribuem para um comportamento desviante e que devem ser evitados desde os primeiros anos.

Algumas considerações para reflexão:

1. Um recém-nascido grande (mais de 4kg), tem 2,5 vezes mais hipóteses de ser uma criança obesa aos 3 anos de idade2 ;

2. Um lactente que aumente demasiado de peso durante os primeiros 6 meses de vida tem maior probabilidade de ser uma criança obesa aos 3 anos de idade2;

3. Uma criança obesa, tem cerca de 50% de probabilidade de se manter um adulto obeso.

O que nos remete mais uma vez para a prevenção desde o início da vida in útero procurando assim minimizar o mau impacto ao longo da trajetória da vida.

Nas escolas, a educação alimentar é crucial para a continuidade da aquisição de hábitos alimentares saudáveis. Está nas mãos dos educadores/professores e todo o profissional não docente.

Não há necessidade de proibir. O que há é a obrigação de ensinar a fazer as escolhas mais acertadas em cada momento. Todos devem estar envolvidos. Os pais e a escola com atitudes mais responsivas dando o exemplo dessas boas escolhas.

Queremos crianças mais saudáveis e devemos apostar na saúde das novas gerações.

Este é um tema que diz respeito a todos, pais/cuidadores, educadores/professores, profissionais de saúde e como é lógico a sociedade civil e o poder político. Temos todos que rumar na mesma direção: prevenção, prevenção, prevenção!

1.     Childhood Obesity Surveillance Initiative

2.     EPACI Portugal 2012: Estudo do Padrão Alimentar e de Crescimento Infantil